O delta 9-tetrahidrocanabinol (Δ9-THC) é um dos compostos mais encontrados e mais conhecidos da planta Cannabis sativa. O Δ9-THC foi o primeiro composto a ser isolado pelo professor e pesquisador Raphael Mechoulam na década de 60, o que foi o ponta pé inicial para o avanço das pesquisas relacionadas a Cannabis medicinal. A molécula do Δ9-THC apresenta 21 átomos de carbono, 30 átomos de hidrogênio e 2 átomos de oxigênio (C21H30O2), sendo o principal componente psicotomimético (psicotrópico). Uma substância psicotomimética é capaz de modificar nossa maneira de pensar, sentir, agir, provocando efeitos mentais e psíquicos semelhantes ou associados a estados psicóticos, envolvendo modificações na percepção, pensamento, humor e na sensação subjetiva da consciência relativo à ação.
Porém, além desses efeitos psicoativos, o Δ9-THC apresenta uma gama de efeitos terapêuticos importantes. Ele tem a capacidade de se ligar aos receptores canabinoides CB1, no qual promove efeitos sob a memória, coordenação motora, euforia e percepção sensorial. A ativação desses receptores também diminui a liberação glutamatérgica em áreas do cérebro agindo como um analgésico, além de proteger os neurônios contra danos neuronais (Calabrese & Rubio-Casillas, 2018). O Δ9-THC também se liga aos receptores CB2, que estão mais expressos em células do sistema imune. A partir da ligação do Δ9-THC nesses receptores há a modulação das respostas inflamatórias e imunológicas, se tornando uma substância promissora no tratamento de doenças inflamatórias e autoimune.
Todavia, estudos mostram que existem outras interações do Δ9-THC com outros receptores. Abaixo está alguns mecanismos de ação desse composto.
Dessa maneira, através dos diferentes mecanismos de ação, o Δ9-THC possui benefícios em nosso organismo agindo como antiemético, anticonvulsivante, estimulante do apetite, relaxante muscular, ansiolítico, indutor do sono, analgésico, anti-inflamatório e antineoplásico. Sendo muito promissor no tratamento de dores crônicas, doenças autoimune, insônia, neoplasias e auxiliando pacientes que passam por tratamento quimioterápico melhorando as náuseas e vômitos (Niesink & van Laar, 2013; Russo, 2011).
Referências:
Calabrese, E. J., & Rubio-Casillas, A. (2018). Biphasic effects of THC in memory and cognition. In European Journal of Clinical Investigation (Vol. 48, Issue 5). Blackwell Publishing Ltd. https://doi.org/10.1111/eci.12920
Niesink, R. J. M., & van Laar, M. W. (2013). Does Cannabidiol Protect Against Adverse Psychological Effects of THC? Frontiers in Psychiatry, 4. https://doi.org/10.3389/fpsyt.2013.00130
Russo, E. B. (2011). Taming THC: Potential cannabis synergy and phytocannabinoid-terpenoid entourage effects. British Journal of Pharmacology, 163(7), 1344–1364. https://doi.org/10.1111/j.1476-5381.2011.01238.x