O que são as quimiovariantes da Cannabis sativa?

A planta Cannabis sativa vem despertando grande interesse de pesquisadores e profissionais da saúde, graças a sua rica composição química e ampla gama de aplicações terapêuticas (1). Por ser uma planta milenar, a Cannabis tem sido cultivada por diversas culturas, em diferentes lugares, de modo que houve uma adaptação para cada condição climática. Com essa adaptação, foi possível que ela se disseminasse globalmente, apresentando uma grande variedade química e genética.

A partir dessas variações, hoje é possível separar a Cannabis sativa em três tipos principais de quimiovariantes (mas não são as únicas), de acordo com os seus efeitos terapêuticos e potenciais efeitos colaterais. São elas:

Quimiovariante tipo I

– Ricas em Δ9-THC em sua composição química;

– Potencial alto para sedação e relaxamento;

– Potencial alto para alterações cognitivas e de humor;

– Baixo potencial para dependência

Quimiovariante tipo II

– Ricas em Δ9-THC e CBD proporcionalmente;

– Potencial moderado para sedação e relaxamento;

– Potencial moderado para alterações cognitivas e de humor;

– Baixíssimo potencial para dependência

Quimiovariante tipo III

– Ricas em CBD;

– Não apresenta efeitos psicotomiméticos;

– Não tem risco de dependência

Duas quimiovariantes foram adicionadas nessa classificação, e são:

Quimiovariante tipo IV

– Ricas em CBG;

– Potencial analgésico, anti-inflamatório e controle do estresse (2).

Quimiovariante tipo V

– Proposta por Mandolino e Carboni em 2004 (3)

– Não há fitocanabinoides detectáveis

 

A compreensão das diferentes quimiovariantes e as proporções dos principais fitocanabinoides auxiliam no momento da prescrição, para que sejam mais assertivas. Pesquisas recentes têm demonstrado que dependendo de qual fitocanabinoide esteja predominante na quimiovariante há uma abordagem diferente, individualizada e indicada para uma patologia em específico. Embora os principais fitocanabinoides sejam o Δ9-THC e CBD, a planta da Cannabis é riquíssima composta por mais de 500 constituintes químicos sendo mais de 100 fitocanabinoides já identificados, 120 terpenos e flavonoides. Esses compostos juntos são responsáveis pelo efeito sinérgico entre essas substâncias dentro do organismo, conhecido como efeito entourage, apresentando diferentes potenciais terapêuticos e estimulando processos fisiológicos.

 

Considerando as diferenças entre as quimiovariantes THC-dominante, CBD-dominante, balanceada entre CBD e THC ou qualquer outra, é um passo muito importante para os profissionais da área da saúde poderem melhor ajustar suas prescrições e serem mais assertivos no tratamento, além de maximizar os efeitos terapêuticos e minimizar os possíveis efeitos adversos.

 

Referências:

 

  1. Andre CM, Hausman JF, Guerriero G. Cannabis sativa: The plant of the thousand and one molecules. Front Plant Sci. 2016 Feb 4;7(FEB2016).
  2. Fournier G., Richez-Dumanois C., Duvezin J., Mathieu J.-P. and Paris M. Identification of a new chemotype in Cannabis sativa: cannabigerol-dominant plants, biogenetic and agronomic prospects. Plant. Med. 1987. 53: 277–280.
  3. Mandolino G, Carboni A. Potential of marker-assisted selection in hemp genetic improvement. In: Euphytica. 2004. p. 107–20.